Alcéa Romano no lançamento de seu livro Poesia do viver em Morro do Ferro |
Eduardo Almeida Reis
Não me lembro se foi Affonso Romano ou Ignácio de Loyola, mas foi cronista do primeiro time a queixar-se, outro dia, da falta de tempo para ler todos os livros que lhe mandam. Igualmente séria é a situação de um philosopho amigo nosso, que não tem folga nem se quer para ler os livros que compra.
Componho estas bem traçadas diante de dois livros recém-adquiridos, que preciso ler porque já sei que vou gostar muito. São eles a Poesia do viver, de Alcéa Romano, e Trilogias, contos de vida e de morte, de José Bento Teixeira de Salles.
Vamos com calma, que Roma e os romanos não foram feitos num dia. Alcéa nasceu no Morro do Ferro e é a oitava de uma prole de 15 filhos de Waldete e Demosthenes Romano. Seu pai, de tão sério, usava gravata até para pescar e dona Waldete, senhora de muitas virtudes, não raras vezes perde seu precioso tempo lendo a coluna Tiro & Queda.
Tenho medo das filhas do casal Romano, porque ainda me lembro da forte impressão que uma delas me causou, quando passou de carro com o irmão e a cunhada para almoçar em nossa fazenda trirriense. Foi no tempo em que o jovem fazendeiro ainda estava sujeito às emoções fortíssimas e a soma da beleza com a simpatia e a inteligência da visita bagunçou o coreto philosophal.
Levei mais de 30 anos remoendo aquela visão celestial e só recentemente revi a jovem e bela senhora. Ouso dizer que hoje somos amigos. Cuidemos do livro de sua irmã.
Alcéa é planta da família das malváceas, muito cultivada nos jardins pela beleza de suas flores. O nome da autora de Poesia do viver deve ter sido escolhido pela beleza da flor e dos versos que Alcéa faria. Ou, então, pelo verbo alcear, pôr no alto, alçar. As fotos da poetisa na orelha do livro mostram que Waldete e Demosthenes adivinharam o visual da filha depois de adulta, além de adivinhar o alcear de sua poesia.
Do livro de José Bento ainda não posso falar, mas já gostei e me baseio no seu Passageiro do tempo, um dos melhores livros de memórias publicado em língua portuguesa. Santo de casa não faz milagres e José Bento, sendo cronista do Estado de Minas, só entusiasmou a redação no dia em que um colega leu suas memória se comentou com o jornalista da mesa vizinha, até que todos lera me se convenceram de que é realmente um livro excepcional (...).
Fotos do lançamento do livro Poesia do Viver em Morro do Ferro e Oliveira, nos dias 05 e 06 de julho de 2012. Crônica de Eduardo Almeira Reis, publicada no jornal Estado de Minas, coluna Tiro e Queda, caderno Gerais, pagina 23, em 11 de agosto de 2012
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